Tradução/ Translation

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Pra que a igreja existe?




Pra que Jesus Cristo instituiu a sua igreja no mundo? Qual o propósito de Deus para a igreja cristã? Ao longo dos últimos dois mil anos, os cristãos ofereceram diversas respostas a esta pergunta. Já houve quem acreditasse que o propósito da igreja de Cristo era consolidar o poder do império romano, conquistar e explorar novas terras e povos, expandir os domínios dos tronos europeus, perseguir hereges, controlar o Estado, promover ações sociais, construir escolas ou hospitais, impor a moralidade cristã a uma sociedade não cristã etc. Apesar de serem diferentes entre si, todas estas respostas tinham uma coisa em comum: elas se desviavam do supremo propósito que o próprio Senhor da igreja estabeleceu para ela - a evangelização dos perdidos.

O texto bíblico conhecido como "a grande comissão" (Mateus 28.16-20) revela que para Jesus a igreja não tinha outro propósito, senão transformar pecadores em discípulos de Cristo. Segundo o próprio Senhor, todos os recursos - materiais, humanos e espirituais - da igreja devem ser empregados na suprema tarefa de alcançar os perdidos com a mensagem do evangelho (literalmente: boa nova). Ele não deixou os discípulos escolherem o que deveriam fazer com os recursos que tinham. Pelo contrário, Jesus estabeleceu pessoalmente a prioridade da igreja: a evangelização. Quanto à suprema missão da igreja no mundo, esta passagem do evangelho oferece respostas muito claras a pelo menos quatro perguntas:

Quem deve evangelizar? Quando Jesus reuniu seus onze discípulos (Judas Iscariotes já havia se suicidado), ele incumbiu todos eles da responsabilidade missionária. Jesus não dispensou Tomé, por ter duvidado; não recusou Pedro, por tê-lo negado; não preferiu João, por ser o discípulo amado. Ele delegou esta tarefa a todos os onze. Mais que isso, o livro de Atos dá provas inequívocas de que os primeiros cristãos entenderam que a responsabilidade missionária era de todos, não só dos onze. Em Atos 8.1-4, a Bíblia diz que, após o martírio de Estêvão e a consequente perseguição deflagrada contra os cristãos, a igreja teve de se espalhar pela Judéia e Samaria, ficando apenas os onze apóstolos em Jerusalém. Enquanto iam, os cristãos pregavam o evangelho por onde passavam. Um pouco mais adiante, em Atos 11.19-21, mais uma vez vemos todos os cristãos envolvidos na evangelização dos cidadãos da Fenícia, Chipre e Antioquia. Em 1Pedro 3.14-15, o apóstolo de Jesus orientou todos os cristãos perseguidos, dizendo: "... não fiquem amedrontados. Antes, santifiquem Cristo como Senhor em seu coração. Estejam sempre preparados para responder a qualquer pessoa que lhes pedir a razão da esperança que há em vocês." Ou seja, a evangelização deve ser encarada como responsabilidade de todos os crentes, não apenas de um grupo de pessoas vocacionadas ou especialmente treinadas para isso.

O que significa evangelizar? O escritor e teólogo John Stott afirma que “evangelizar é tornar conhecido, em palavra e em ação, o amor do Cristo crucificado e ressuscitado no poder do Espírito Santo, a fim de que as pessoas se arrependam, creiam, e recebam Cristo como seu Salvador e, em obediência, sirvam a ele como seu Senhor na comunhão da igreja." O chamado Pacto de Lausanne, documento elaborado em 1974, por líderes cristãos de 150 países, em Lausanne, na Suíça, define assim o termo: “Evangelizar é propagar as boas novas de que Jesus Cristo morreu por nossos pecados e foi ressuscitado dentre os mortos, segundo as Escrituras; e, como o Senhor que reina, Ele oferece agora o perdão dos pecados e o dom libertador do Espírito a todos que se arrependem e crêem." Isto é, evangelizar não é simplesmente propagar a crença ou o ponto de vista de um determinado grupo religioso, mas, conforme deixa claro a própria "grande comissão", é fazer discípulos de Jesus. É ensinar os pecadores a se arrepender, crer em Cristo para a salvação e obedecer à Palavra de Cristo, adotando-a como suprema regra de fé e conduta. Evangelizar significa transformar pecadores em discípulos de Jesus.

Como devemos evangelizar? Ninguém pode ensinar aquilo que não sabe. Eu, por exemplo, não posso ensinar ninguém a tocar violino, já que não sei absolutamente nada sobre isso. Se evangelizar é ensinar os pecadores a se arrepender, a crer em Cristo e a obedecê-lo, deve-se exigir arrependimento, fé (ou fidelidade) e obediência daqueles que estão incumbidos desta tarefa. Caso contrário, não estaremos habilitados para evangelizar. Não é preciso ser pastor, teólogo ou professor para fazer discípulos. Só é preciso uma coisa: ser um discípulo. A evangelização se faz: pregando o arrependimento e a fé em Jesus; pedindo uma decisão urgente pela obediência a Cristo; recebendo os convertidos como verdadeiros irmãos; apresentando a Bíblia como regra de fé e conduta; apresentando a si mesmo como bom modelo de discípulo de Jesus; e orando para que os perdidos se convertam e os discípulos cresçam à semelhança de Cristo. É assim que se evangeliza, não apenas decorando algumas "fórmulas mágicas" de oração ou de apresentação do evangelho.

Por que devemos evangelizar? É possível fazer a coisa certa, pelas razões erradas. Certa ocasião, o apóstolo Paulo chegou a dizer que “alguns pregam Cristo por inveja e rivalidade” (Filipenses 1.15). O que era verdade na igreja dos apóstolos, também o é atualmente. Muitos podem evangelizar por motivações absolutamente erradas ou pecaminosas. Há quem o faça visando: expandir a influência da sua denominação, aumentar a arrecadação financeira, conseguir mais votos para determinados candidatos ou partidos políticos ou simplesmente vencer uma discussão com alguém que professa outra fé que não a cristã. Contudo, nenhuma destas razões pode ser considerada suficiente, adequada ou justificável para a evangelização. Devemos evangelizar basicamente por três motivos: primeiro, porque amamos a Deus, portanto, nosso principal desejo deve ser agradá-lo acima de tudo. Segundo, porque amamos os perdidos, portanto, devermos estar sinceramente preocupados com a condição eterna deles. E terceiro, por obediência a Cristo, portanto, mesmo que não tivéssemos nenhuma outra razão para fazê-lo (o que obviamente não é o caso), deveríamos evangelizar mesmo assim.



AUTOR DO TEXTO
Leo Barbosa - Casado com a Jéssica, pai de nove gatos, estuda teologia, é formado em Letras, serve como pastor de jovens da Assembléia de Deus de Guarulhos. Atua nas áreas de educação cristã, exposição bíblica e aconselhamento. Nas horas vagas, escreve sobre vida cristã aqui no blog da UMADGUAR e em seu blog pessoal: Leo da Sede


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